Em 2017, Gustavo Kuerten completa 20 anos da conquista do seu primeiro título de Roland Garros, quando bateu o espanhol Sergi Bruguera na final do torneio. Na época, Guga ainda era um jovem tenista – tinha 21 anos – desconhecido do grande público. Neste domingo, o ídolo do tênis brasileiro compareceu no Rendez-Vous, competição que classifica juvenis para a competição francesa, e viu de perto os jovens talentos brasileiros.
A competição foi realizada pela primeira vez na capital catarinense, justamente em homenagem ao aniversário de 20 anos do título de Guga. Nas quadras do Lagoa Iate Clube, onde costumava jogar durante a infância, o ex-tenista brasileiro participou da solenidade de encerramento da competição. Foi das mãos de um campeão de Roland Garros que João Ferreira, de Minas Gerais, e Nathália Gasparin, do Paraná, receberam seus troféus de campeões do Rendez-Vous. Gustavo Kuerten relembrou o título conquistado por ele em 1997.
Esse título (Roland Garros) foi muito inesperado, foi totalmente fora dos padrões do tênis. Cheguei lá garotão, querendo ganhar uma partida ou duas, de repente. E vai avançando na alegria, na felicidade. Praticamente brinquei de ganhar Roland Garros, e consegui minimizar um pouco e me afastar de tudo que significa a importância, se não seria amedrontador na época. A falta de experiência, acho que eu não conseguiria lidar com isso. Então acho que hoje ainda vou digerindo um pouco melhor, compreendendo a importância de ver os meninos jogar aqui em Florianópolis e, neste torneio, se transformando no grande sonho do brasileiro – disse Guga à repórter Gabriela Machado, da RBS TV.
Vendo de perto os jovens tenistas em sua terra natal, Guga relembrou seus momentos de transição de juvenil para o profissional. O ex-tenista afirma que é necessário dar condições aos treinadores brasileiros e apostar na autoestima dos jovens atletas.
De 1994 para 1995, na transição, foi o momento mais delicado da minha carreira. Terminei como juvenil como quarto ou quinto do mundo, e tive a notícia de que tinha perdido meu patrocínio. Bem naquela semana que fui finalista do maior torneio do mundo juvenil. Por isso que eu falo na questão da confiança. Aquilo me abalou tanto que eu fiquei quatro, cinco meses sem ganhar uma partida. E perdendo para jogadores muito inferiores. Mas aí eu olhava para o Larri (Passos, técnico) e falava “vamos tentar de novo, até chegar um novo momento a favor”. E tudo começou a dar certo. Essa questão de apostar no jovem, na sua confiança, na sua autoestima é fundamental, e dar condições para o treinador trabalhar para ele conduzir esse processo que é muito delicado – relembrou o campeão de Roland Garros.
Os dois campeões do Rendez-Vous viajam para Paris no mês de maio e lá participam das finais entre as nações. O torneio também é promovido pela Federação Francesa de Tênis em outros cinco países: China, Coréia do Sul, Estados Unidos, Índia e Japão.
São ainda todos muito crianças, dá para dizer até, e da mesma forma são exigidos para se formar profissionais capacitados, super gabaritados e melhores do mundo, até. De uma hora para outra, deixam de estar nessas competições entre meninos e passam a compor o ranking – afirmou o ex-tenista.
Originalmente postado em: Globo Esporte